sexta-feira, 30 de agosto de 2013

PRIMEIRA IGREJA BATISTA EM ITAPURANGA- BATISTAS 100 ANOS EM GOIÁS


1914  -  2014     


Os primeiros missionários norte-americanos chegaram ao Centro Oeste brasileiro, entre os anos 1914 e 1920. A região norte do Estado de Goiás (hoje Tocantins) foi visitada pelo Dr. Ernest A. Jackson e o Sul (Hoje Estado de Goiás) pelo missionário Salomão Luiz Ginsburg.

Salomão Ginsburg organizou em 26 de setembro de 1920, na cidade de Catalão, a primeira igreja Batista em solo goiano. O segundo trabalho foi organizado também pelo mesmo missionário na cidade de Ipameri, no dia 17 de janeiro do ano de 1923. Ele fundou ainda outras igrejas como a Primeira Igreja Batista em Cristalina, em 21 de abril de 1923, a Primeira Igreja Batista em Tavares (Hoje Vianópolis), no final do ano de 1923 e a Primeira Igreja Batista em Bonfim (atual Silvânia), em fins de 1924.

Ginsburg teve de regressar a São Paulo aonde veio a falecer no ano de 1927. E o período que se seguiu foi marcado por muitos reveses no início do trabalho batista goiano. Os historiadores registram que, de todas as igrejas organizadas neste período, apenas duas não sucumbiram.

Relatam, entre os motivos, problemas internos como a idoneidade de alguns dirigentes e falta de obreiros como também uma ostensiva perseguição empreendida contra os crentes. É citado o caso de Bonfim (atual Silvânia), onde, segundo um destes historiadores, eram negados aos crentes desde oportunidades de trabalho até um simples copo com água.
   
O Campo Goiano, que estivera afeto ao de São Paulo, após a morte do missionário pioneiro Salomão Ginsburg, passou à jurisdição da Convenção Batista do Estado de Minas Gerais, formando o Campo Mineiro-Goiano.

Neste período, mais precisamente no ano de 1934, chegou a Goiás o Missionário Daniel Frank Crosland. O pioneiro da obra Batista no Brasil, filiado à Convenção mineira, assumiu o pastorado da Primeira Igreja Batista em Ipameri no dia oito de julho de 1934.  Três anos depois se exonerou e transferiu sua residência para Goiânia, de onde passou a dar assistência ao trabalho Batista do Estado, região centro- Sul.

O terceiro trabalho batista goiano a se estabelecer, considerando obviamente apenas os dois sobreviventes do período (Catalão e Ipameri), foi o da Primeira Igreja Batista em Goiânia. Sua organização ocorreu no dia 30 de janeiro do ano de 1938, na residência do Pr. Daniel Frank Crosland, no Bairro Popular, região central da nova capital do Estado.

Em 2014, quando os batistas goianos comemorarão seu centenário, serão perto de 300 igrejas e congregações no Estado, além de um número não contabilizado de pontos de pregação.

Frente a alguns dos antigos e a muitos novos desafios, os batistas em Goiás continuam a propor soluções pelo mesmo prisma, a Bíblia. Plataforma na qual se desenrolam, paralelamente, as mais inomináveis fraquezas humanas e as mais inexplicáveis misericórdias de Deus.  Razão que leva os batistas, para quem a Bíblia é a Palavra de Deus  e sua regra de fé e prática, a  continuarem a abrir pontos de pregação, a fundar congregações e a organizar igrejas.

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 Bibliografia
  
BASTOS JÚNIOR, José da Cunha. Lineamentos da História dos Batistas em Goiás. Edição do autor, 1988.
ALCÂNTARA, Janair de Morais. Uma Porta para a Luz. Imprensa da Fé, SP, 1992.
COSTA, Paulo André Oliveira. O Seminário Teológico Batista Goiano e sua Influência Cultural e Religiosa no Estado de Goiás. Goiânia: Editora UCG, 2001.
ARAÚJO,Ordália Cristina Gonçalves. A Construção de Goiânia e o Protestantismo. Goiânia: Editora UFG, 2002.
AMARAL, Othon Ávila . Batistas no Brasil há 140 anos. O Jornal Batista Ano CXI - Edição 39 - 25/09/2011.
O JORNAL BATISTA. Rio de Janeiro: CBB. Edição de 29-01 e 5-02 de 1942.
O JORNAL BATISTA. Rio de Janeiro: CBB. Edição número três de 15 de janeiro, 1948.
JORNAL O BATISTA MINEIRO. Belo Horizonte: CBM. Edição janeiro/fevereiro número 21/22, 1944.  
             REVISTA VISÃO MISSIONÁRIA. Rio de Janeiro: Editora UFMBB. Edição 3T2004. Seção Gente Nossa, Entrevista Maria Rita Álvares.
LIVRO DE ATAS PIB GOIÂNIA No. 01. Goiânia. Arquivo Secretaria da PIB Goiânia.
LIVROS DE ATAS UFMBG No. 01 e 02. Arquivos da UFMBG, Secretaria da UFMBG- Sede CBG.
CALENDÁRIO ECLESIÁSTICO PRIMEIRA IGREJA BATISTA EM GOIÂNIA ANO 2003. Goiânia: 2003. Arquivo Cristocentrado.
BOLETIM INFORMATIVO DOMINICAL PIB EM GOIÂNIA. Edição Extra Fevereiro 2003. Arquivo Cristocentrado.
OLIVEIRA, Dinah Antunes. Goiânia: data não determinada. Depoimento. Memórias Organização da UFMB PIB Goiânia. Arquivo PIB.
MENEZES, Eulália Ribeiro. Goiânia: 2001. Depoimento. Construção de Goiânia e Organização PIB em Goiânia. Arquivo Cristocentrado.
COSTA, Regina Souza. Goiânia: 2003. Depoimento. Memórias. Arquivo Cristocentrado.
MOHN, Amália. Relatório Escrito. Goiânia: 1983. Arquivo Secretaria UFMBG, Sede CBG. 
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Templo da Primeira Igreja Batista em Itapuranga-Ano 2010

Itapuranga é um entre os 5.562 municípios brasileiros, colocado entre os 246 goianos. Está localizada na região Centro Oeste do Estado de Goiás, no conhecido Vale do São Patrício e limita-se com os municípios de Heitoraí, Goiás, Guaraita, Morro Agudo de Goiás, Uruana e Carmo do Rio Verde. Tem uma população estimada de cerca de 30.000 habitantes e encontra-se  a uma distância de 170 quilômetros de Goiânia, a capital do Estado, percurso que pode ser percorrido em aproximadamente 2 horas e 30 minutos. 


Como a maioria das cidades do interior do Brasil,  particularmente no Estado de Goiás, o vilarejo que viria a ser Itapuranga iniciou-se ligado à religiosidade. No ano ano de 1933, frades dominicanos, sediados na cidade de Goiás, tiveram a iniciativa de requerer do Estado um título de posse de um lote de terras devolutas, situadas à margem esquerda do Ribeirão Canastra, para a formação de um patrimônio, sob a invocação de São Sebastião.

Itapuranga teve como primeiro  nome (topônimo) "Xixá", dado em virtude da ocorrência da primeira celebração religiosa na localidade, uma missa campal à sombra de um enorme “Xixazeiro” (árvore com origem no Cerrado brasileiro, de grande porte, tronco reto, casca castanho-amarelado, com densa copa arredondada). Assim, o povoado foi fundado em 1934 com o nome de Xixá

Em 31 de dezembro de 1943, pelo Decreto nº 8305, passou à categoria de Vila (distrito), instalada solenemente em 19 de março de 1944, mas continuava a pertencer ao município de Goiás e mantinha a mesma denominação que recebera como povoado. Sofreu algum progresso incluindo a construção de uma estrada ligando o povoado à cidade de Goiás, então capital do Estado e em 03 de julho de 1953, foi desmembrado da cidade de Goiás, sendo elevado à categoria de município. Assim, o topônimo “Xixá” foi mudado, pela Lei Estadual nº 748, de 03-07-1953, por iniciativa da Câmara Municipal de Goiás, para “Itapuranga", que em tupi significa “Pedra Vermelha” ou “Lugar de Pedras Bonitas”.

Mais tarde, foi criado o Distrito de Diolândia (ex-povoado) e incorporado ao Município de Itapuranga. Depois, foi criado o Distrito de Cibele e também incorporado ao Município de Itapuranga. Seguiu-se a criação do Distrito de Guaraíta, que também foi  incorporado ao mesmo município, mas que no ano de 1992, desmembrou-se, sendo elevado à categoria de município. Deste modo, até o ano de 2001, o município de Itapuranga era constituído de 3 Distritos: Itapuranga, Cibele e Diolândia.


Vida Religiosa em Itapuranga 
Fontes revelam que a primeira capela católica em Itapuranga, ainda "Xixá", foi construída  graças à solidariedade dos que lá passaram a viver e diante de seu desejo de terem um local fixo para seus encontros religiosos. Segundo estas mesmas fontes, a capela que se instalara no Xixá veio do antigo arraial de Ouro Fino -que se localizava em uma região próxima à cidade Goiás e que estava à época, em franca decadência pelo esgotamento do ouro e a consequente e drástica diminuição populacional. Em face do abandono desta capela de Ouro Fino, teve se a ideia de sua transferência para o recém-formado vilarejo do Xixá. A construção desta capela foi, sem dúvida, uma expressão de apego religioso à fé católica, mas, por outro lado representou uma iniciativa no sentido de fazer frente ao avanço do protestantismo que rondava a região.

Os batistas, que organizaram seu primeiro trabalho em solo goiano na cidade de Catalão no ano de 1920, seguiram organizando igrejas nas cidades de Ipameri, Cristalina, Tavares (atual Vianópolis), Bonfim (atual Silvânia) e Goiânia, que teve a sua Primeira Igreja Organizada no ano de 1938.  Também os presbiterianos, que fizeram as primeiras incursões ao Estado de Goiás no ano de 1888, vieram a se consolidar denominacionalmente a partir de 1915. Primeiramente se estabeleceram em Pouso Alto (atual Piracanjuba-GO), depois, seguindo os trilhos da estrada de ferro, chegaram a Anápolis, Goiandira, Pires do Rio, Cachoeira, Ipameri, Catalão e finalmente a Goiânia, onde organizaram a Primeira Igreja Presbiteriana no ano de 1948.

No ano de 1946,  os presbiterianos que já se faziam presentes em várias regiões de Goiás, alcançaram também Heitoraí, um município limítrofe de Itapuranga. Neste ano chegou à Capela ou Capelinha (atual Heitoraí),  o sr. Henrique Ferreira do Nascimento com sua família, oriundos da cidade de Desterro de Entre Rios (MG), evangélicos presbiterianos, fundando na Fazenda Capim Puba (atual Queroba), o primeiro trabalho protestante da região.

Atualmente, além da igreja católica, encontram-se representados no município inúmeros grupos evangélicos que dividem-se entre Assembleia de Deus, Batista, Igreja de Cristo, Congregação Cristã no Brasil, O Brasil para Cristo, Presbiterianos, Nova Aliança, Universal, Testemunhas de Jeová e outros. 

A história de Itapuranga demonstra que a religiosidade é parte integrante da cultura do povo, assim como também o é para a maioria dos povos da terra, desde a mais remota antiguidade. Porém, religião transcende a religiosidade em si. Em Colossensses 2.8, Paulo adverte: "Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo" e Tiago, em Tg 1.27  descreve a religião assim:  "A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo".


Organização do Trabalho Batista
Até o início da década de 1970, o Catolicismo era a religião predominante no município de Itapuranga. E,  estatísticas da época apontam que por volta do ano 1975, Itapuranga  tinha 95% de sua população composta por católicos.  No início desta década chegou para a Itapuranga uma família evangélica batista vinda de outro município goiano que inicialmente se uniu aos presbiterianos, grupo evangélico que já se reunia como igreja na cidade.  Os dois grupos congregaram unidos em clima bastante fraterno por um período até que o grupo batista alugou um pequeno espaço com vistas à abertura de trabalho próprio. A despedida foi marcada por um  clima de confraternização. Realizou-se um jantar com a presença dos dois grupos evangélicos envolvidos e os amigos aos quais ambos empenhavam-se em  comunicar o Evangelho.

O pequeno grupo batista, basicamente constituído de elementos de uma mesa família, prosseguiu com sua busca pela consolidação do trabalho. A estratégia adotada inicialmente constituiu em atrair crianças para suas reuniões na expectativa de aproximar-se também dos pais. Na prática funcionou muito bem.  Em outra frente, possivelmente em um segundo momento, Dorcas Carneiro e Tinoir Oliveira (respectivamente cunhada e cunhado) atuaram complementarmente, assim: Tinoir Oliveira, que era funcionário do Colégio Estadual em Itapuranga, estabelecia excelente amizade com os alunos da instituição, especialmente por meio de aconselhamento aos mesmos e em seguida convidava-os  para  os ensaios  no pequeno templo, onde Dorcas os aguardava  e  ensinava-lhes  cânticos. Os ensaios eram sistemáticos e disciplinados, ocorriam  ao som de um antigo harmônio,  uma acústica deficiente nas modestas instalações físicas do primeiro templo, mas regados com uma inesgotável dose de paciência e maternal carinho.

Tais ensaios eram pretextos para ensinar verdades muito profundas, já que Dorcas convidava aqueles jovens a entoarem músicas como o Hino 547 do Cantor Cristão, denominado "Semeando e Segando",  cujas primeiras linhas dizem: "Semente lançada na Terra, germina e seu fruto produz. As nossas ações e palavras, dão ceifa de trevas ou luz" e o Refrão que indagava repetidamente: "Que queres, ó jovem segar? A vida ou a morte será! O fruto decerto se colhe, De tudo que se semear".  Tais perguntas, certamente calaram fundo naqueles corações tantas vezes depois de tais ensaios!  Vários, entre aqueles jovens vieram a se converter e alguns permanecem firmes na fé bíblica até os dias de hoje. E aos que firmaram o senhor somou outras almas. E ainda outras se juntaram a estes últimos. Porque esta é a dinâmica da igreja do Senhor Jesus Cristo. 

Atualmente, as estimativas apontam para cerca de 1/3 da população do município de Itapuranga, estimada em 30 mil habitantes,  constituída de evangélicos. E parte significativa deste contingente é formada por batistas, que se reúnem em um edifício bem maior no mesmo local, onde comemoram  o aniversário de Organização da Primeira Igreja Batista em Itapuranga, no dia 10 de fevereiro de cada ano. Certamente empenhados em imitar a fé e dedicação demonstradas pelos irmãos pioneiros. 

 E assim caminha a Primeira Igreja Batista em Itapuranga, como as demais igrejas batistas goianas, escrevendo sua própria história em alguma parte do Estado, onde conta a História do Evangelho de Jesus Cristo. Até que Ele volte!

Grupo dos pioneiros à frente do primeiro templo da PIB em Itapuranga
Pioneiros  da PIB Itapuranga durante passeio nos arredores da cidade
Família Pioneira- Dorcas Carneiro ao centro,  ladeada por Samuel Carneiro e  Tinoir Oliveira (Década de 1970)


Dorcas dirigindo crianças durante apresentação (meados da década de 1970)
Primeira Igreja Batista em Itapuranga à frente do templo- 1979

  DORCAS CARNEIRO- DEPOIMENTO I DE 2010- (Editado)


DORCAS CARNEIRO- DEPOIMENTO II  DE 2010-(Editado)

  


Fontes
-http://pt.wikipedia.org/wiki/Presbiterianismo
-http://revhelio.blogspot.com.br/2010/12/breve-historia-do-presbiterianismo
-http://heitorai.no.comunidades.net/index.php?pagina=1652395614
-http://cristocentrado.blogspot.com.br/ 
-Cristocentradoarquivos


Notas

-Imagens:  José Aparecido dos Reis (Arquivo Pessoal); Dorcas Carneiro (Arquivo Pessoal), Ilda Graciana de Borba (Arquivo Pessoal) e Cristocentradovídeos.

-Contribuições adicionais poderão ser enviadas para: publicidadecristocentrado@gmail.com

2 comentários:

  1. Irmã Carmelita passei a receber em minha caixa de e-mails suas postagens a cerca de uns 4 meses. Quando fui verificar minha caixa de e-mails verifiquei um remetente por nome CRISTOCENTRADO (me chamou muito a atenção) então abri e vi o que se tratava. Foi Maravilhoso, pois mesmo tendo ido ao acambago a irmão me aproximou ainda mais daquele momento. Hoje lendo sobre a história da PIB de Itapuranga vejo o quanto esta iniciativa está contribuindo para aproximar o povo Batista de sua própria história.Parabéns Irmã Carmelita Graciana!
    Att,
    Pr.Marcelo Paulino IB Parque Atheneu

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  2. Obrigada, Pr. Marcelo Paulino.
    É maravilhoso ver nos detalhes de nossa história a mão de Deus operando e salvando, por meio de seu povo, sob sua graça imensurável e sua misericórdia infinita.
    Que o Senhor o abençoe, pastor!

    Em Cristo,
    Carmelita Graciana.

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Obrigada por ter vindo!